Ordem com origem numa confraria de cavaleiros de Cáceres, que foi organizada sob o patrocínio de Fernando II de Leão (1170) e cedo contou com a protecção do arcebispo de Santiago (1171), passando a combater sob a bandeira do apóstolo. A ligação a Santiago contribuiu para acentuar a ligação entre os seus intuitos iniciais de carácter militar e a sua dimensão religiosa. A sua regra surge logo, numa primeira versão latina, nos anos setenta do séc. XII, sendo confirmada por Alexandre III em 1175, através da bula Benedictus Deus. Reconhecidos os seus membros como religiosos de pleno direito, os santiaguistas tinham a originalidade de verem substituído o voto de celibato pelo de castidade conjugal e de puderem admitir a profissão de mulheres e de casais. Em rápida expansão, a Ordem acabaria por atrair a tutela dos monarcas de Castela e de Portugal, que os dotaram nos seus reinos e lhes confiaram a guarda de alguns castelos do vale do Tejo, ao mesmo tempo que os envolveram no movimento de avanço para sul no combate contra o Islão. Assim, instalados em território português desde 1172, ano da doação aos Espatários da vila de Arruda e do castelo de Monsanto, veriam reforçadas as suas possessões com a entrega à Ordem dos castelos de Abrantes (1173), Almada e Alcácer (c. 1175). Envolvidos na recuperação das importantes vilas de Santarém (1184), Silves (1189), Palmela (1194) e Alcácer (1217), centrariam doravante o seu domínio em tor- no da província de Setúbal, estendendo-o paulatinamente a importantes regiões do Alentejo e do Algarve. A cisão do ramo português com Castela consumar-se-ia em 1315, com a eleição de um mestre provincial, consolidando também a sua crescente subordinação à Coroa. Tal levaria, já no século XV, à entrega do governo da Ordem aos infantes (1418) e, mais tar- de, ao próprio príncipe herdeiro (1475), associando aos mesmos as rendas da mesa mestral. Este processo consumar-se-ia em 1541, com a definitiva união do mestrado da Ordem à Coroa portuguesa.